quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Hiperatividade

"O distúrbio do déficit de atenção / hiperatividade é o distúrbio de saúde mental mais comum nas crianças. Seus principais sintomas são a dificuldade em prender a atenção, a hiperatividade e a impulsividade. Seu tratamento pode envolver diversas modalidades, mas é sempre importante que os pais e professores também recebam apóio para lidar com suas crianças."
A descrição de crianças agitadas, inquietas, com excessiva energia, que não param nunca não é suficiente para caracterizar o problema, uma vez que a agitação excessiva pode ser apenas a manifestação de resposta reativa da criança a um ambiente de poucos limites. O TDAH caracteriza-se por um conjunto de três sintomas principais: a dificuldade de atenção e concentração, a impulsividade (agir sem pensar ou planejar) e a hiperatividade traduzindo um quadro comportamental complexo que exige um diagnóstico especializado e multidisciplinar.
A desatenção é caracterizada na criança por ter dificuldade em prestar atenção em detalhes, em manter a concentração em tarefas escolares, parece não escutar quando lhe dirigem a palavra, tem dificuldade em seguir instruções e não termina atividades domésticas ou escolares, evita ou reluta envolver-se com atividades que exijam esforço mental constante, perde coisas necessárias para tarefas e atividades, é facilmente distraída por estímulos alheios à tarefa ou apresenta esquecimentos em atividades diárias.
A hiperatividade caracteriza-se por um comportamento motor acentuado como o de agitar mãos ou pés continuamente ou se mexer constantemente no banco escolar. Prefere correr a andar e escalar em demasia móveis. Apresenta dificuldade em envolver-se silenciosamente em atividades do lazer e falar em demasia.
A criança impulsiva frequentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas. Apresenta constante dificuldade em esperar sua vez ou permanecer em fila e por várias vezes interrompe ou se intromete em assuntos de outros.
Para o diagnóstico de TDAH pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade devem estar presentes e a avaliação diagnóstica deve envolver os pais, a criança e a escola. As dificuldades devem ser objetivamente testadas através de provas padronizadas aplicadas por profissionais experientes com o transtorno. A avaliação do TDAH envolve um trabalho de equipe multidisciplinar. Isto inclui a avaliação médica, procurando causas clínicas que podem gerar sintomas de hiperatividade como hipertiroidismo, anemia por fala de ferro, uso de medicamentos como antialérgicos e anticonvulsivantes, avaliação neurológica e neuropsicológica detalhadas para determinação dos critérios diagnósticos.
O TDAH é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância. Calcula-se que em torno de 3 até 5 % das crianças em idade escolar tenham sintomas de TDAH. Tais sintomas estão geralmente presentes antes dos 7 anos de vida e podem persistir até a adolescência ou mesmo na idade adulta.
Não existe uma causa única para o problema, supondo-se que haja influência da hereditariedade e da imaturidade neuroquímica de centros cerebrais relacionados ao controle da atenção.
Dependendo do grau e da intensidade dos sintomas, o TDAH pode interferir na capacidade da criança em lidar positivamente com a realidade. Isto inclui baixo desempenho escolar, dificuldade de relacionamento, baixa auto-estima, falta de habilidade social para compartilhar brincadeiras, fazer amizades e planejar tarefas.
Frequentemente em até 30% dos casos pode estar associado a transtorno de conduta, a um comportamento negativista e desafiante, à depressão e à ansiedade. Não é também de se admirar que portadores do TDAH não tratados podem ter maiores índices de problemas comportamentais após a adolescência como alcoolismo e até consumo de drogas.
Dependendo da intensidade e do grau dos sintomas é útil em alguns casos o uso de medicamentos. Estes medicamentos não são calmantes e sim estimulates e podem melhorar os sintomas de desatenção e hiperatividade. O uso de medicações pode ser essencial em alguns casos mas remédios não substituem aptidões e nem orientações educacionais. É preciso orientar a família e a escola a compreender as características do distúrbio e diferenciar desobediência (contestação de ordens) da dificuldade em manter a ordem por falta de habilidade (desatenção) para promover uma comunicação e orientação mais positiva à criança. Técnicas comportamentais e psicopedagógicas podem também ser de auxílio para algumas crianças.

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